Figuras do Chiado

Jaime Batalha Reis

Ao falar do Chiado e arredores, encontramos Jaime Batalha Reis (1847-1935) e Antero de Quental em 1870 a viver numa sobreloja em S. Pedro de Alcântara. A zona era muito ruidosa ao que levou a mudarem-se, estando no início de 1871 instalados na Rua dos Prazeres, junto da Praça das Flores, onde continuaram a vir Eça de Queirós, José Fontana, Augusto Fuschini, Manuel de Arriaga, Oliveira Martins e Guerra Junqueiro. Foi aqui que se delineou o programa das “Conferências Democráticas do Casino Lisbonense”. Como sabemos, as palestras foram proibidas pelo Marquês de Ávila e Bolama, a propósito da Conferência de Salomão Saragga, interrupção que não permitiu que Jaime Batalha Reis fizesse a sua conferência sobre o “Socialismo”. Antero de Quental e Jaime Batalha Reis escreveriam cartas de protesto, afirmando Batalha: “Eu sou socialista”, e terminando: “O que V. Exª fez obriga-me a descrer ou da sua ilustração ou da sua probidade. Eu descri da ilustração. Todos os atos da vida de V. Exª me autorizavam a fazê-lo.”

Em fins de 1871, Jaime Batalha Reis foi convidado para chefe do Serviço do Instituto Geral de Agricultura, cargo administrativo que ocupou em fevereiro de 1872. No outono viria a ser designado como docente para substituir Andrade Corvo nas cadeiras de Botânica, Economia Rural e Florestal. Em 1874 e parte de 1875, empenha-se na elaboração de um projeto muito caro a Antero de Quental e Oliveira Martins: a publicação de uma revista envolvendo intelectuais portugueses e espanhóis. O primeiro número da Revista Ocidental sai em fevereiro 1875. Além de Antero, Oliveira Martins e de Eça, nela colaboram Adolfo Coelho, Sousa Martins, Maria Amália Vaz de Carvalho, bem como intelectuais e políticos espanhóis como Pi y Margall, Fernandez de los Rios, Rafael de Labra, Canovas del Castillo. Contudo, o projeto, que não ultrapassa o mês de julho. Em 1882, foi provido na carreira consular, recebendo a nomeação para Newcastle, onde estivera Eça de Queirós que, entretanto, passara para Bristol, mantendo-se na carreira diplomática cerca de trinta anos, até se aposentar em 1921. Como cônsul em Inglaterra centra-se na defesa dos nossos interesses em África, sendo nomeado como perito, para a Conferência Anti-Esclavagista de Berlim de 1889 a 1891. O seu mérito como diplomata levou-o a desempenhar missões confidenciais em Berlim e Paris, ligadas a dois problemas cruciais nesta época para Portugal – as negociações com a Inglaterra sobre África e a situação do crédito público. Depois da morte de Antero, escreve para o In Memoriam do amigo – “Anos de Lisboa: algumas lembranças” – peça fundamental para a biografia do poeta e um importante testemunho sobre a geração de 1870 a que pertenceu. No ano em que representava Portugal na Conferência Internacional para a Proteção da Fauna Africana (1900), com onze dias de intervalo, morreu-lhe a mulher e o seu amigo Eça de Queirós.

Até à implantação da República (1910) continuou a manter uma intensa atividade. Como membro da Royal Geographical Society, apresenta em 1895 a comunicação “On The Definition of Geography as a Science […]” com grande repercussão nos meios científicos. Depois da implantação da República, Bernardino Machado chamou-o a Lisboa para participar na reforma do ministério. É nomeado ministro plenipotenciário em S. Petersburgo, apresentando as credenciais ao czar Nicolau II. No entanto, regressa para desempenhar comissões em Paris e Londres. No fim de 1913, é enviado de novo à Rússia para as comemorações da dinastia Romanov, acompanhado das duas filhas, Celeste e Beatriz. Testemunha então a Revolução de 1917 e envolvido nos acontecimentos diplomáticos que então ocorreram, só em 1918 conseguindo sair por Murmansk É nomeado em 1919 delegado plenipotenciário à conferência de Paz de Versalhes em Paris, e depois representante de Portugal na comissão para Pacto da Sociedade das Nações (SDN), enviando para o ministro português numerosos relatórios sobre as matérias aí tratadas. No regresso a Portugal cria o Secretariado da Sociedade das Nações e lança as bases da Associação Portuguesa para a Sociedade das Nações, de que viria a ser vice-presidente. Aposentou-se em agosto de 1921, retirando-se para a Quinta da Viscondessa, no Turcifal, com as duas filhas, escreve sobre o que o seu amigo Vianna da Mota designaria como Explicação do Universo, e deixa um espólio notabilíssimo, indispensável para o conhecimento da Geração de 1870.

Guilherme d’Oliveira Martins

Padre Abel Varzim

Teixeira de Pascoaes

Helena Vaz da Silva

Francisco Sousa Tavares

Bulhão Pato

Nuno Álvares Pereira

José-Augusto França

Santa-Rita Pintor

Fernando Amado

Vasco Santana

Eça de Queiroz

Ramalho Ortigão

Fernando Pessoa

Sophia de Mello Breyner Andresen

Antero de Quental

Almeida Garrett

Aquilino Ribeiro

Almada Negreiros

Padre António Vieira

Vitorino Nemésio

Alexandre Herculano

António Quadros

Columbano Bordalo Pinheiro

Afonso Lopes Vieira

Giuseppe Verdi

António Alçada Baptista

Cesário Verde

Alexandre O´Neill e Amália

Gualdino Gomes

Amadeo de Souza-Cardoso