O Chiado Romântico

A introdução do Romantismo acompanhou os ideais do Liberalismo que moldaram o Portugal oitocentista. Primeiro na Literatura e depois nas Artes, as influências da estética e do gosto romântico marcaram a vida do Chiado e estão visíveis na imagem do nosso quotidiano.

Pode começar esta viagem pelo Teatro de São Carlos, que guarda a memória das representações das óperas dos grandes compositores românticos e dos hábitos e gestos da sociedade portuguesa da época. Para lá da fachada neoclássica com decoração rocaille, a requintada decoração do espaço interior preserva ainda muitos sinais do romantismo, que se revigorou na transição do século XIX para o século XX. Esteja atento à programação da temporada de ópera e às actividades regulares do Teatro e poderá ter a oportunidade de passar momentos inesquecíveis.

Bem perto, o Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea, possuiu uma colecção representativa do Romantismo na pintura e na escultura. Aí estão representados os grandes mestres desta corrente estética, como o escultor Soares do Reis e os pintores Anunciação e Cristino e ainda os naturalistas da transição do século, com destaque para Columbano e José Malhoa.

No mesmo complexo arquitectónico que pertenceu ao antigo Convento de São Francisco, instalou-se, em 1836 a Academia de Belas Artes de Lisboa, instituição tutelar do ensino artístico na arquitectura e nas artes plásticas na capital. Com entrada pelo Largo da Academia Nacional de Belas Artes, no piso térreo de acesso à Faculdade de Belas Artes e à Academia e no pátio interior, pode reviver o ambiente oitocentista, quando o Romantismo foi uma via inovadora face ao Academismo de matriz clássica.

Seguindo pela Rua Ivens, pare no Grémio Literário, instituição a cuja história os escritores românticos Alexandre Herculano e Almeida Garrett estão ligados. O edifício, com um notável património artístico, a Biblioteca e a própria vida deste clube literário constituem um dos valores culturais de referência do Chiado. 

Na Rua Garrett,  coração do Chiado,  em muitas fachadas de lojas e nalguns interiores, pode apreciar a decoração de gosto romântico. A Casa Havaneza é um destes lugares, que nos recorda muitas figuras e factos da literatura, das tertúlias e da Lisboa boémia, a que os românticos deram expressão.

Em frente, o Monumento a Luís de Camões, no Largo que tem o nome do poeta, é uma das obras mais representativas da escultura romântica no espaço público. Da autoria do escultor Vítor Bastos, foi inaugurado em 1867. Exprime os princípios artísticos e temáticos da vertente mais historicista do romantismo. Junto dele, se fizeram, em 1880, os grandes festejos das comemorações do tricentenário da morte de Camões, que foram uma das manifestações mais fortes da reafirmação do Romantismo na cultura e na vida portuguesa no final do século XIX.

Retomando a Rua Garrett, suba ao Largo do Carmo. O conjunto urbano formado pelas ruínas da igreja do Carmo, pelas fachadas oitocentistas e pelo chafariz é um dos cenários urbanos onde se revive a sensibilidade e o gosto românticos.

Logo ao lado, o Elevador de Santa Justa, merece visita e uso. Esta obra inovadora da Arquitectura do Ferro, é, ao mesmo tempo, um exemplar representativo de um romantismo tardio, bem visível no revivalismo gótico da decoração.

Percurso
Teatro Nacional de São Carlos
Museu do Chiado
Academia de Belas Artes
Grémio Literário
Rua Garrett
Casa Havaneza
Monumento a Luís de Camões
Largo do Carmo
Elevador de Santa Justa

Duração Aproximada
1h30