À Descoberta da Azulejaria

O recurso à utilização de azulejos, nos interiores e nas fachadas, marcou a arte portuguesa, desde o final do século XV. Pela sua originalidade, funcionalidade e expressão plástica, os azulejos contribuíram, muitas vezes, para transformar e enriquecer as severas ambiências da arquitectura e dos espaços urbanos.

O período mais importante deste ciclo corresponde aos séculos XVII e XVIII, quando a estética do Barroco influenciou, particularmente, as artes decorativas e o espaço interior da arquitectura. Apesar desta fase não estar profundamente representada no coração do Chiado, existem, nas imediações, exemplares representativos da longa história desta arte em Portugal. Os mais belos conjuntos de azulejos povoam os interiores faustosos e intimistas da arquitectura religiosa e civil. Mas, um olhar atento, leva-nos ainda a descobrir a originalidade de muitas fachadas revestidas de singulares padrões geométricos e naturalistas. 

Partindo do centro do Chiado, dirija-se para o Largo Rafael Bordalo Pinheiro, cuja toponímia evoca o mais importante ceramista e pintor de azulejos do final do século XIX em Portugal. Aqui se ergue uma das mais belas fachadas da azulejaria lisboeta. O edifício do topo Norte deste largo foi totalmente revestido com painéis alegóricos, de gosto neoclássico, durante a primeira metade do século XIX. O autor, Luís Ferreira, ficou conhecido por Ferreira das Tabuletas, designação expressiva de um trabalho inovador, que deu uma utilização artística e publicitária aos azulejos de fachada. 

Continue o seu percurso pela Rua da Trindade e observe algumas fachadas de padrão geométrico e decoração estilizada em edifícios de habitação, construídos no século XIX nos  terrenos do antigo Convento da Trindade. Na aparente unidade do conjunto, existe diversidade de padrões e de cores.

Entre na Cervejaria Trindade, um espaço único, decorado no século XIX com painéis de azulejos preenchidos com temas ligados à simbólica maçónica. A escala e o cromatismo do conjunto surpreende e convida a uma paragem. Tal como outros edifícios desta parte da cidade, situa-se sobre as propriedades do antigo Convento da Trindade, extinto pelas medidas do Liberalismo oitocentista.

Um pouco mais à frente, no Largo da Misericórdia, a Igreja de São Roque possui, no interior, notáveis conjuntos de azulejaria. Logo à entrada, destaca-se o revestimento de padrão, em forma de ponta de diamante. Na Capela de São Roque, detenha-se para admirar uma composição de azulejos com motivos clássicos do Maneirismo, desenhados e assinados por Francisco de Matos, em 1596.  

Continuando a subir ao longo da colina, entre no Convento de São Pedro de Alcântara, um edifício construído durante os séculos XVII e XVIII, onde a arquitectura e a decoração se harmonizam. Aqui encontra diversas tipologias de azulejos, com destaque para os painéis da entrada conventual e o silhar da nave da Igreja, onde predominam composições barrocas em azul e branco. 

No regresso ao Chiado, dirija-se ao Miradouro de São Pedro de Alcântara e termine esta caminhada observando a cidade multisecular, que se estende ao longo das colinas.


Percurso
Largo Rafael Bordalo Pinheiro
Rua da Trindade
Cervejaria da Trindade
Igreja de São Roque
Convento de São Pedro de Alcântara
Miradouro de São Pedro de Alcântara

Duração
1h30