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Revista sai do papel: como nasce uma palavra

Alguns poetas, como Manoel de Barros, demoraram-se a contemplar este nascer da palavra, sem apressar a sua encarnação. Com eles, numa conversa à volta da mesa queremos tecer percursos que nos ajudem a perguntar melhor: como nasce uma palavra?

 

Um poema de Manoel de Barros ressoa como um anúncio neste tempo de Natal:

Uma palavra está nascendo
Na boca de uma criança:
Mais atrasada do que um murmúrio.
Não tem histórias nem letras
Está entre o coaxo e o arrulo.

Aqui, escuta-se a palavra em estado nascente, «entre o coaxo e o arrulo». Este espaço de trânsito, feito de hesitações e gaguejos, é muitas vezes esquecido. Mas é justamente aí, balbuciando, gaguejando, hesitando, que a palavra se vai fazendo carne. Há qualquer coisa comum entre a palavra balbuciante e uma criança que vem lentamente à luz, na sua fragilidade, no seu fulgor. 

João Maria Carvalho
Mestrando em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, concluiu a licenciatura em Li?nguas, Literaturas e Culturas, na mesma Faculdade, onde tambe?m lecionou, enquanto Monitor, a cadeira de Textos Fundamentais. Faz parte da comunidade da Casa Velha, que procura aprofundar a relação entre a Ecologia e a Espiritualidade. Colabora regularmente com a revista Brote?ria, explorando o cruzamento entre a poesia e a teologia.

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