Aí, a perspetiva do autor não é memorialista e autobiográfica, mas genológica, i. e., sobre o ato presente da narração do passado na primeira pessoa e do compromisso de verdade possível com essa narrativa ou confissão, considerado o funcionamento complexo da memória e a coragem e estultícia de sobre nós falarmos a quem sobre nós e sobre tudo mais sabe, e ensaística, ou seja, centrada no debate interno de questões teológicas e filosóficas.
No caso do Livro XI, Agostinho debate-se com duas questões que relaciona entre si: que momento é esse que reúne e contém todos os tempos e coisas e se condensa no ato da criação e que coisa é o tempo. Independentemente das respostas a esta demanda, o que emerge do texto do autor é a progressão de um discurso cuja coerência e beleza advêm não tanto do seu caráter sistemático, mas de uma metodologia da hesitação que não abdica de se colocar novas interrogações, quando parece ter atingido o consolo hermenêutico de uma verdade.
FICHA TÉCNICA
Encenação, Desenho de Luz e Figurinos Jean Paul Bucchieri Com Cláudio da Silva, João Lagarto, João Pereira, Maria Arriaga e Pedro Lacerda Dramaturgia David Antunes Cenografia Pedro Lagrifa Oliveira Assistência de encenação Lúcia Pires Apoio e residência artística Ajidanha, Teatro Estúdio São Veiga, Idanha-a-Nova Coprodução Horta Seca e São Luiz Teatro Municipal