De talento promissor a voz global necessária, Lido Pimienta soma já uma década de assinatura artística oficializada por discos, atuações e prémios. Vencedora do prestigiado Polaris Music Prize, em 2017, a jovem afro-colombiana e residente em Toronto, tem-se afirmado como uma voz maior. Na música, e fora dela, trabalha em redor de questões como raça, política de géneros ou identidade. Aborda estas temáticas com uma profunda simplicidade, descartando uma atitude panfletária. Amiúde, aplica cor e exuberância numa realidade por vezes demasiado monocromática ou formatada. Sem rodeios e sem espinhas.
Miss Colombia é talvez a representação mais simbólica dessa pintura sonora de base electrónica, mas de alma ancorada nas suas raízes ancestrais. Obra desafiante pelas ideias estéticas em que o palenque de rua e os ecos da cumbia ganham aqui uma digitalização garrida, incorporada e natural. Gravou-a com vários músicos locais, de diferentes linhagens artísticas, resultando num disco amplamente comunitário. As suas canções de estrutura não-tradicional, estão abertas à luminosidade da pop, alcançando um imaginário quase místico. Um fascinante registo de emancipação, consciente de si e dos seus tempos, confessional como convém – e talvez por isso, tão próximo como se sente.
Já este ano, o tema De Los Límites abre caminho para novos capítulos. Com a participação de Mariel Mariel, existe espectro sónico, reggaeton a lume brando e estórias de faca e alguidar. O teatro da vida segundo Lido Pimienta chega agora à ZDB, numa estreia absoluta por cá. NA