Agenda

Música
Galeria Zé dos Bois
R. da Barroca, 59 . 1200-049 Lisboa

Lea Bertucci & Ben Vida * Adriana João & Pedro Tavares

Concerto na ZDB, dia 27 de outubro, pelas 22h00

Duas figuras bem matraqueadas no epicentro da sempre activa cena experimental e electro-acústica da cidade que nunca dorme, Lea Bertucci e Ben Vida emparelham em ‘Murmurations’ um entendimento vivido do som, confluindo as suas idiossincrasias num espaço e tempo comunal de cartografia oculta. Sem saírem propriamente de uma zona de conforto, que na verdade nunca existiu dada a bravura exploratória inerente às suas músicas, a efabulação de ‘Murmurations’ resulta de um processo natural de convergência entre a forma e a matéria que lhes reconhecemos isoladamente, em diálogo. Partindo da improvisação, para daí irem conjecturando com minúcia e onda, até chegarem a chegarem a uma dezena de temas breves, plenos de detalhe e poder imersivo, pairando sem nunca assentar arrais por entre a electro-acústica, a improvisação livre, música concreta e poesia sonora.

Na senda do seu percurso a solo, pontuado por discos tão hipnóticos quanto ‘Metal Aether’, ‘Resonant Field’ ou ‘A Visible Lenght of Life’, Bertucci recorre ao seu arsenal de sopros – clarinete baixo, saxofone, flauta – e à manipulação de fitas como sonda para os mistérios dos fenómenos acústicos e a sua ressonância com o espaço circundante, o reflexo aparentemente velado do som. Matéria etérea reconfigurada pelo experiente Ben Vida, artista com presença ubíqua desde os tempos da folk assombrada de Town & Country, passado por Bird Show e obra solitária em nome próprio via editoras como a PAN ou Shelter Press, que a acolhe no seu sampler e sintetizador modular para fazer dela tanto o centro da acção como presença periférica. Lamentos, texturas, timbres e murmúrios, oriundos também da voz processada de ambos – sem esconder a influência de Joan La Barbara ou Meredith Monk – que tanto assumem uma existência clandestina como são foco de atenção transparente, numa suspensão tensa mas de ondulação sempiterna. BS

ADRIANA JOÃO
Morou em Portimão até se mudar para Lisboa em 2016. O seu trabalho transdisciplinar mescla-se entre a imagem em movimento, o som, a performance, a escultura, a fotografia e a instalação. Debruçando-se sobre o perpétuo vínculo imaterial entre tudo o que existe – quer tenhamos conhecimento, quer não o possuamos –, enlaça-se quase sempre através do invisível, do impalpável, do inaudível, do inodoro e do insípido. Ciclos perfeitos, ciclos imperfeitos, ciclos aerófanos, e padrões que derivam das tangentes comuns.

PEDRO TAVARES
Une o visual com o som através do seu trabalho videográfico, assim como pelos seus diversos projectos musicais que integra: funcionário (a solo) e Império Pacífico (duo) – tendo como mote a expressão da vida quotidiana e de todas as suas facetas, não como uma narrativa contínua mas sim como ponte entre a memória e a imaginação que a interpreta.

Autores de 6 Ensaios e onda dois ventos da CD.Recordable e Fungo, respectivamente.