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Música
Galeria Zé dos Bois
R. da Barroca, 59 . 1200-049 Lisboa

Kiko Dinucci & Bubacar Djabaté

Uma noite que será uma lição de reinvenção e descoberta.

Referência maior no panorama musical paulista, Kiko Dinucci apresenta já um invejável percurso, merecedor de curiosidade e encontro. Fundou bandas como Metá Metá ou Passo Torto e transformou a face da MPB com um entendimento muito peculiar em redor do samba e das suas novas expressões. Uma visão algo natural para quem na década de 90 mergulhou no punk e, mais adiante, nas artes plásticas e ainda no cinema. No fundo, falamos de um explorador nato, alguém que une a tradição à vanguarda – como poucos na sua geração. A espontaneidade das suas composições tornam-as imediatamente apetecíveis e simultaneamente enigmáticas. Natureza claramente popular, mas aberta ao contágio da urbe. Uma linguagem criada ao longo de anos e retocada com colaborações estelares como as que teve com Elza Soares, Tom Zé ou Jards Macalé, entre tantos outros.

Rastilho é um daqueles discos capaz de pegar fogo – e soltar pombas de uma cartola. Traz uma força telúrica constante, nas cordas e nas vozes; histórias do imaginário popular invocadas num desprendido xamanismo. Equilibrado entre o folk mais psicadélico e o samba mais doce, Dinucci assina um retrato apaixonado de um Brasil de selva, poesia e mito. Já este ano VHS é outro capítulo, inesperado, do trabalho deste músico sem fronteiras: uma única e longa faixa à base de colagens sonoras e improvisação livre. Uma peça singular que o volta distinguir pela bravura e noção de caminho.

Uma noite que será uma lição de reinvenção e descoberta. infinita. NA

Protagonista de várias actuações memoráveis por Lisboa, onde reside há já mais de uma década, este é um daqueles casos de simbiose entre o artista e a cidade. Do Adamastor ao Boiler Room, passando por vários festivais locais, muitos foram os espaços e ocasiões onde a magia aconteceu. Djabaté é um reconhecido mestre no balafon, instrumento de percussão africano cuja hipnose das melodias se junta à sua voz telúrica. Nascido na Guiné Bissau, ele traz consigo uma valiosa herança cultural transportada pelas histórias e personagens que canta. A solo, ou acompanhado por outros ilustres, assistir ao seu trabalho em desenvolvimento é uma felicidade para qualquer melómano. E de facto, a comunhão sentida nos seus concertos expressa um sentimento de celebração, quase a lume brando. Música que une e que transcende. Uma pequena grande dádiva. NA