A mostra conta com obras fotográficas da série “Imagens Posteriores” de Patricia Goùvea e pinturas a oleo sobre fotografias da série “Nova Pele” de Daniel Mattar, uma imersão em “horizontes transcendentes” de ambos artistas.
Forever is made up of many nows
“Desde 2019, a Brisa Galeria promove exposições com artistas convidados para dialogar com a produção de Daniel Mattar.
Nesta edição, a troca de experiência é com a artista visual e pesquisadora brasileira Patricia Goùvea, que traz a série de fotografias Imagens Posteriores, paisagens realizadas analogicamente durante viagens por diversos continentes. Nelas, a artista investe em exposições que absorvem o movimento em seu percurso, provocando um efeito de deslocamento imprevisível, que só é contemplado na volta para casa através da revelação dos diapositivos. Com seus “entre tempos” Patricia questiona o instantâneo como decisivo na formação de uma fotografia. As imagens narram mais sobre seus processos do que sobre o resultado final. Uma analogia à continuidade mensurável de Chronos – aquele subordinado ao relógio – e à intensidade oportuna que não pode ser calculada de Kairós.
Em contraponto, Daniel apresenta a série de pinturas Nova Pele. Nos últimos cinco anos utilizou, como objeto de sua pesquisa fotográfica, tintas e suas embalagens cujo volume e profundidade questionam o real. Nos trabalhos apresentados, essas mesmas fotografias são as telas para suas pinturas, incorporando a materialidade da tinta a óleo, que é catalisada pela imagem e transbordada pela superfície. Essa experiência pictórica desloca a imagem fotográfica da inércia perfeita do presente. Desfigura um instante em tantos outros, formando blocos de cor horizontais abstratos que remetem às Imagens Posteriores de Patricia.
Como no poema de Emily Dickinson, “Forever is composed of nows”, que inspira o título dessa mostra, o tempo aqui é um agente que não tem começo, nem fim, ele é infinito nos muitos “agoras” desse encontro entre Patricia Goùvea e Daniel Mattar. Um diante do outro, artistas com inspirações distintas, porém em diálogo nas camadas de duração, cor e movimento de suas produções. Levezas que comprovam o encontro das paralelas no infinito.”
Rhanine Pessoa, 2022