Inaugura no dia 14 de outubro, às 17h30, na Cisterna do Convento de São Francisco (Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa) a exposição “O Sopro e o Orvalho”.
Sonhar o orvalho como germe e semente é participar do fundo do ser no devir do mundo.
Gaston Bachelard
“Uma substância vaporosa suspende-se na humidade do ar e precipita-se sobre a terra como principal alimento das sementes. O orvalho, diz-nos Bachelard (1948, 259), “corresponde à panspermia da atmosfera”, à forma formante mais subtil da condensação dos vapores. A chuva, interligada com o “fermento de orvalho” (ibidem), prepara os caminhos da fecundação.
O movimento térmico encaminha-se num sentido entrópico, precipita-se na forma de gotas e em contacto com superfícies frias, mas a recolha da água impregna a vida de vida e indicia um acontecimento extraordinário que se traduz em matéria-energia emergente.
Talvez, por isso, a Cisterna se expresse como um repositório de água orvalhada que entre a terra e as pedras se insurge como símbolo da imaginação material. Contudo, como reflectir, hoje em dia, sobre um espaço cujo vínculo simbólico se manifesta como uma presença ausência? A Cisterna vazia remete-nos para o sentido solastálgico da saudade do lugar que habitamos.”
Margarida Alves
Horário 3ª e 4ª › 15h–19h