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Música
Teatro Nacional de São Carlos
R. Serpa Pinto 9, 1200-442 Lisboa

Sinfonia 2022: estreia de nova obra de Nuno Côrte-Real

O Teatro Nacional de São Carlos apresenta um programa composto pela estreia da obra Sinfonia 2022, de Nuno Côrte-Real, com interpretação da Orquestra Sinfónica Portuguesa sob direção do compositor; ainda, um arranjo do mesmo Côrte-Real sobre o Prelúdio Transfiguração de Isolde (com Ann Petersen na interpretação vocal)e, por último, a obra Rédemptionmorceau symphonique de César Franck.

De acordo com o musicólogo Nuno Raimundo, as obras em programa neste concerto apresentam-nos três visões musicais distintas sobre o tema da metafísica da condição humana e o conflito a ela inerente: a teologia da redenção católica em César Franck; a metáfora de uma salvação schopenhaueriana em Richard Wagner; e uma visão espiritual sobre o thanatos freudiano em Nuno Côrte-Real, na sua Sinfonia 2022.

Originalmente, a base de Morceau symphonique foi um poema escrito pelo próprio César Franck. Na versão revista, o significado poético é menos complexo, pretendendo apenas expressar a alegria da fé em Cristo, sendo o percurso para a escuridão evocado pelo novo coro escrito pelo compositor, com presságios do que viria a ser uma nova fase composicional, profundamente influenciada pela sua audição, em 1874, do Prelúdio de Tristão e Isolda.

Prelúdio e Transfiguração de Isolda de Richard Wagner tornou-se uma conhecidíssima peça de concerto, seguramente um dos mais emblemáticos trechos da obra de Wagner. Nesta versão de concerto, o Prelúdio é imediatamente encadeado com a «Morte de Isolda», final do drama, sendo a voz do soprano transcrita para orquestra. Alguns trechos de Wagner são muitas vezes apresentados desta forma. A obra tem vindo a ser alvo de arranjo por vários autores, sendo que neste concerto conheceremos o de Nuno Côrte-Real, uma iniciativa que contou com o apoio do Círculo Richard Wagner.

O soprano convidado para interpretar Isolda é Ann Petersen.

Os trágicos acontecimentos que marcaram o passado ano, nomeadamente a eclosão do conflito na Ucrânia e o consequente regresso aos sentimentos de incerteza e pessimismo sobre o nosso futuro coletivo, inspiraram a mais recente obra de Nuno Côrte-RealSinfonia 2022, «uma visão pessoal e espiritual», nas palavras do próprio compositor. Encontramos nesta sua obra a pulsão de morte freudiana, uma tendência para a destruição que cada vez mais se intui na civilização humana.

BIOGRAFIAS

Ann Petersen (soprano)
Soprano internacionalmente reconhecida, destaca-se pelas suas interpretações do repertório alemão, particularmente das obras de Richard Wagner e de Richard Strauss. Apresenta-se regularmente em alguns dos mais importantes teatros de ópera do mundo: Wiener Staastoper; Staatsoper Berlin; Royal Opera House, Covent Garden; Teatro alla Scala de Milão; Teatro Colón de Buenos Aires, Opéra National de Paris; Teatro Real de Madrid; Festspielhaus Baden-Baden; ou ainda o Teatro Bolshoi de Moscovo.

Nuno Côrte-Real (diretor musical e compositor)
Nuno Côrte-Real tem vindo a afirmar-se como um dos mais importantes maestros e compositores portugueses da atualidade. Ganhou, consecutivamente, o prémio de Melhor Trabalho de Música Erudita da Sociedade Portuguesa de Autores, em 2018 e 2019, com o ciclo de canções Agora Muda Tudo, e a ópera Canção do Bandido, respetivamente, e o seu mais recente CD, Tremor (Ars Produktion 2021), foi nomeado em cinco categorias nos prémios Opus Klassiek (Berlim) de 2022.

FICHA ARTÍSTICA
Concerto Sinfónico
Teatro Nacional de São Carlos, Sala Principal
13 de janeiro de 2023, 21H

César Franck, Rédemption: morceau symphonique
Richard Wagner / Arr. Nuno Côrte-Real, Tristan und Isolde: Prelúdio e Transfiguração de Isolda*
Nuno Côrte-Real, Sinfonia 2022 — estreia absoluta
Ann Petersen, Soprano
Nuno Côrte-Real, Direção Musical
Orquestra Sinfónica Portuguesa
(Maestro titular Antonio Pirolli)

*Arranjo gentilmente financiado pelo Círculo Richard Wagner 
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