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Música
Igreja de São Roque e o Convento de São Pedro de Alcântara

O melhor da música clássica está de volta a Lisboa

Um dos melhores e mais antigos eventos de música clássica da cidade de Lisboa está de regresso. De 14 de outubro a 11 de novembro, a Igreja de São Roque e o Convento de São Pedro de Alcântara voltam a ser palco da Temporada Música em São Roque.

O Maestro Filipe Carvalheiro, diretor artístico deste evento, desenhou para esta 34.ª edição 10 concertos, que cobrem cerca de 500 anos de história da música.

Pelo “O Bando de Surunyo” escutaremos um programa com obras dos séculos XVI e XVII dedicadas ao sentimento feminino, encontradas no arquivo do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, a par da visão moderna do mesmo tema abordada por João Madureira, na sua obra, em estreia absoluta, “Três ocasos para Susana” (5 de novembro).

Também da “Idade de ouro” da polifonia portuguesa será apresentado, pelo “Coro Gulbenkian”, um concerto com obras escritas para a Sé de Évora, por compositores como Estevão de Brito, Filipe de Magalhães, Manuel Cardoso ou Lopes Morago (14 de outubro).   

Já ao século XVIII serão dedicados três concertos: um pelo “Concerto Campestre”, em que a música do português João Pereira da Mota é colocada em enquadramento com a dos seus contemporâneos Pedro Avondano, Ambrosio Molinero e Johann Sebastian Bach (28 de outubro); um pelo “Ludovice Ensemble”, quase inteiramente dedicado a um compositor maior do mesmo período, Giovanni Giorgi – um veneziano ativo na corte portuguesa durante o reinado de D. João V e cuja obra tem vindo a ser recuperada do arquivo da Sé Patriarcal de Lisboa, e que agora é, finalmente, apresentada ao público (4 de novembro); e o terceiro concerto chega-nos no final da Temporada, através dos “Solistas da Orquestra Barroca Casa da Música”, que nos levarão de Itália, de Boccherini, passando pela Áustria, Chéquia, Alemanha e terminando em Inglaterra, num percurso idêntico ao de Georg Friedrich Händel (11 de novembro). 

Do século XIX chega-nos um dos acontecimentos mais marcantes. A proclamação da independência do Brasil, que aconteceu há exatamente duzentos anos, é invocada pelo “Americantiga Ensemble”, no concerto intitulado “D. Pedro e a Música no “Grito do Ipiranga””, que inclui obras de André Silva Gomes e João de Deus de Castro Lobo, compositores principais de São Paulo e Vila Rica (Minas Gerais), cuja música certamente se fez ouvir em celebração do acontecimento (21 de outubro).

Mas o século XIX deu-nos também um dos maiores músicos portugueses de sempre – José Vianna da Motta – cujas obras de juventude, em grande parte inéditas, serão apresentadas pelo pianista e investigador João Costa Ferreira (6 de novembro). 

À música do nosso tempo serão dedicados os concertos do “Grupo de Música Contemporânea de Lisboa”, que apresentará a contemplação do divino, na música de Constança Capdeville, Clotilde Rosa, Jorge Peixinho, Ivan Moody e Alfredo Teixeira (30 de outubro); do “Quinteto de Sopros do Vale”, que recupera do esquecimento obras de Ângelo Pestana, Adácio Pestana, Filipe Sousa, Joly Braga-Santos, José Santos Pinto, Marcos Romão e Carlos Saraiva (23 de outubro); e da “Camerata Atlântica”, que nos mostrará como a visão infantil dos cantos e danças se transforma em Encantos e Andanças, nas obras de Alexandre Delgado, Sérgio Azevedo, Anne Vitorino d’Almeida, Eurico Carrapatoso e Constança Capdeville, em duas estreias mundiais, uma delas em homenagem a Paula Rego (16 de outubro). 

A programação da Temporada continua a refletir a estratégia da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa de valorização da cultura musical portuguesa e do património histórico e arquitetónico da Instituição, e é neste sentido que os concertos são pensados para serem oportunidades únicas para experienciar a música num ambiente especial, como o esplendor barroco da Igreja de São Roque ou a sobriedade da Igreja do Convento de São Pedro de Alcântara.

Esta 34.ª edição terá o formato presencial e online (com live streaming em Youtube SCML e na RTP Palco) e os bilhetes para os concertos são gratuitos e limitados, estando disponíveis a partir de 7 de outubro, no Museu de São Roque.

Ciclo de Sessões: “Ouvidos para a Música”

Pelo quinto ano consecutivo, a Temporada Música em São Roque propõe ciclos de encontros de apreciação musical conduzidos por Martim Sousa Tavares, com a participação do pianista Raúl da Costa e realização de Adriana Romero.

Ao longo de oito episódios online, que decorrerão de 18 de outubro a 10 de novembro, às terças e quintas, às 19h, este ciclo de sessões passará em revista diferentes temáticas e reportórios, revisitando algumas das mais ouvidas composições de todos os séculos, assim como a música que se dá a descobrir ao grande público.

Para consultar a programação e para mais informações sobre a Temporada e o Ciclo de Sessões, visite www.tmsr.scml.pt