Agenda

Música
Galeria Zé dos Bois
R. da Barroca, 59 . 1200-049 Lisboa

Billy Woods + Amador

Concerto a decorrer na Galeria Zé dos Bois.


billy woods
Em 2023 farão vinte anos do lançamento de “Camouflage”, o álbum de estreia de Billy Woods. O primeiro de muitos. Na altura, “Camouflage” reflectia um momento sem paralelo do hip hop independente. A ideia de “hip hop independente” fluía enquanto género – no fundo, “era uma cena” – e conquistava território num ritmo diário. Ainda sem streams, YouTube, mas com MP3 (e downloads ilegais) e CDRs, a mensagem espalhava-se e chegava a alguns canais importantes. Billy Woods, na altura já no ativo há alguns anos, aproveitou o momento para fundar uma editora – Backwoodz Studioz – que ainda hoje se mantém como principal plataforma para os seus álbuns e não só. “Camouflage” seguia a lógica do presente: tiragem limitada, CDR. Uma lógica não só do hip hop mas aplicada a vários subgéneros da música popular. Era uma forma de sobrevivência, de comunicação e de encontrar um caminho numa indústria, num mundo, em flagrante mudança. O caminho foi assinalável e permitiu Billy Woods manter um conjunto de importantes fundamentos: a identidade, a editora e uma consistente discrição. Dá entrevistas, com um tom aberto sobre a música e o passado, mantém o seu nome verdadeiro fora do radar e não se deixa fotografar com clareza.

Tudo isto acontece sem a criação de mito, de segredo, apenas uma forma honesta e continuada de dizer que o que importa é a música. E é. Desde 2003 que a atividade tem sido regular. Habituais altos e baixos sem afetar a consistência identitária e um som – ainda – extremamente ligado ao imaginário do “hip hop independente” do início do século. Prova disso são os dois álbuns que editou em 2022, “Aethiopes”, fruto de uma colaboração estreita com o produtor Preservation, e “Church”. Há algo que os liga às raízes, pela genética, pela identidade. Ao longo das últimas duas décadas, o som de Billy Woods tem evoluído com uma progressiva atenção ao detalhe e em formas de o comunicar: seja através dos instrumentais, dos samples usados, ou pelas referências que pululam na sua música. Um processo de refinamento percetível na audição e que tem mantido Billy Woods acima da relevância, ou seja, sem se estagnar na ideia da “referência” e criando música com vontade de existir no presente. Só poderia ser assim. AS

Amador
Muito se debate se a música vigente enquanto arma ativista está ou não repleta de desbravamento de conteúdo politizado de outrora contra o sistema, por caucasianos sem sequer uma multa de estacionamento. Não é de todo o caso de Amador, cujo antifascismo, a precariedade capitalista ou o ódio de luta se fundem numa batalha própria de consciencialização por quem cresceu no circuito hardcore caldense.

Criado a partir de sintetizadores modulares e samplers, a sua música tem o hip-hop industrial como linha condutora, mas desvia-se tanto por ritmos do Dub como do Breakbeat. Num caldeirão onde tanto cabe o pós-punk de uns Gray de Basquiat, a politização à lá Run the Jewels ou a fúria de uns Death Grips, se calhar nenhum destes nomes inspirou Amador mas quem ama o que faz, encontra-se inconscientemente em sonoridades comuns.

Bilhetes disponíveis no dia 18 de novembro.

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